Justificativa

Com o decidido empenho do Brasil em participar do processo de globalização da economia o eixo das políticas de educação se amplia fortemente. O mercado de trabalho mais competitivo acaba por exigir uma “mão de obra” qualificada para processos que exigem liderança, capacidade reflexiva e de tomada de decisão. É assim que se explica o fenômeno da grande procura pelos níveis médio e superior de educação no país. Assim, ou constituímos equipes multiprofissionais, coletivas de trabalho, lógicas apoiadoras e de fortalecimento e consistência de práticas uns dos outros, orientadas pela sempre maior resolução dos problemas de formação dos profissionais locais, ou colocamos sem risco a qualidade de nosso trabalho, porque sempre seremos poucos, sempre estaremos desatualizados, nunca dominaremos tudo o que se requer em situações complexas de necessidades diversas. Se formos atores ativos das cenas de formação e trabalho (produtos e produtores das cenas, em ato), os eventos em cena nos produzirão diferença, nos afetarão, nos modificarão, produzindo abalos em nosso “ser sujeito”, colocando-nos em permanente produção.

A mudança na formação por si só ajuda, mas essa mudança como política se instaura em mais lugares, pois todos esses lugares estão conformados em acoplamento de captura da Educação Continuada. Tanto a incorporação crítica de tecnologias materiais, como a eficácia do trabalho produzido, os padrões de escuta, as relações estabelecidas com os usuários e entre os profissionais representam a essência dos processos de mudança.

Os métodos de trabalho são cada vez mais usados como ferramentas substituíveis na educação, em um tempo em que são vistas com suspeita as narrativas que pretendam se apresentar como redentoras de todos os problemas vinculados à formação. A discussão se encontra hoje no campo da epistemologia e da antropologia, aliás, não só na pedagogia e na educação, como nas demais ciências. Conceitos estão sendo revistos na medida em que se pergunta por como, afinal, se dá o processo de construção do conhecimento. O ser humano, alvo da educação, é visto, hoje, de modo menos definido do que em passado recente, de modo que se indaga sobre a participação subjetiva desse ser na elaboração do conhecimento. Não há como os educadores deixarem de trilhar, também nos níveis médio e superior, esse caminho menos definido e por isso mesmo, desconhecido. Em educação o tempo é de reflexão.

A saúde também vem sendo revistada no Brasil em função da procura por um profissional de saúde que seja competente e hábil para aliar seu conhecimento analítico e especialidade clínica às demandas por saúde preventiva de caráter coletivo. Em outros termos, as políticas de saúde voltam-se aos profissionais com visão para pensar a saúde em contextos sociais caracterizados pela extrema pobreza. Aqui, mais uma vez, a educação deixa de se apresentar como mera técnica de reprodução do conhecimento. Exige-se uma prática educativa que forme um profissional reflexivo, crítico e criativo, capaz de contextualizar a imensa gama de conhecimentos acumulados por décadas de pesquisa.